8 de abril de 2008

Suicídio

Há poucos dias sorri de felicidade pela alegria de uma amiga. Ficamos felizes com a alegria daqueles que gostamos e tristes com a tristeza deles. Por mais que me tente ver como um ser autónomo, não sou nada imune ao que me rodeia... Nem quero ser! Amar-me faz sentido, proteger-me também, mas mergulhar plenamente no eu sem o conjugar Não...
Por isso, o suicídio dos outros além de me doer incomoda-me.
Não consigo ficar calada, aceitar em silêncio como na minha terra se faz... Já morreram demasiadas pessoas que conheci, colegas da escola ( Tantos!), jovens e adultos, familiares... São conhecidas as estatísticas em países como a Suécia, no Alentejo no Mundo. Não tenho resposta! Mas hoje senti vontade de soltar as palavras que escrevi há ano e meio, quando mais uma vez o suicído me tocou de perto.
Não é literatura. Foram as palavras que quiseram sair, outras ficaram dentro entaladas para me lembrarem para sempre.
O corpo enrola-se, caracol minhoca aflita feto nado morto bago de uva murcho… frouxo, nada nada só o medo.
O coração bate bate desordenado, bate bate não ama, cansado de tanto querer ser amado - relógio da vida avariado.

Não há corda junco junca, as traves de choupo dos telhados agora são tapadas de prevenção e ninguém ensina o nó de enforcado nem se devolve à família o usado, leva-o o autor para que sua vontade ateste… Os poços dos montes secaram os da Câmara sendo de todos têm a entrada fechada
Não há escolha, só a espingarda carregada.
Não há beijo ombro abraço regaço, não há ventre útero casa… - não há cuco cante voo asa.
À caixa, em madeira de cerejeira talhada, o bicho pouco a pouco minava, uns furos a mais não surpreendem nada…
Nem farol cruz mezinha responso… nada trará o seu vazio de volta.

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