18 de setembro de 2008

Estação de S. Bento e o país real

Não gosto de fazer coro pela nossa inferioridade ou superioridade enquanto povo ou país.
Somos o que somos, temos o tamanho que temos, somos únicos aos mesmo tempo que somos como os outros com defeitos e qualidades... Mas às vezes fico irritada quando penso que podíamos ser mais cultos mais activos mais tolerantes mais atentos...
Por mais de uma vez, dei comigo a dizer a outras pessoas que reparassem melhor na Estação de S. Bento, por a considerar muito bonita e lamentava ninguém se importasse com pequenas obras de restauro...
Não terá a grandeza das Estações de países maiores, mas para mim esta estação de caminho de ferro e a do Oriente, cada uma de sua época e estilo, são dignas de uma visita demorada que sorva cada linha cada traço... que estejamos nelas e não apenas que nos limitemos a usá-las em passagem.
Pois bem, os painés de azulejos ilustrativos de momentos da nossa história lá continuam dignos de visita, bem como a sua armadura férrea. Mas parece que a transformação está em curso, pode é não ser a que desejava.
Assim, fecharam-se duas das grndes portas que dão acesso às linhas, redusindo-se a entrada e saída dos passageiros à porta central onde se instalou a fiscalização para entrada e saída, só com título de transporte. A sala de espera foi encerrada. Não há bancos para sentar enquanto se espera. O quadro electrónico com indicação das linhas fica no átrio, e a indicação da linha surge muitas vezes apenas uns minutos antes da partida... Ou seja, quando a indicação da linha surge é uma correria para a metade da porta única, com os respectivos atropelos ralhos palavrões... As casas de banho são ofensivas e as filas para tirar bilhete longas...
O Utente é zero para a CP.
Bem não falaria neste assunto no blog se ultimamente não tivesse assistido já por duas vezes ao princípio de uma revolta popular em S. Bento!
É que este povo não se cale e reage quando sente que lá em Lisboa manda gente cega ou que nem se dá ao trabalho de ver como as coisas são de verdade.
O título de Invicta assenta bem nesta cidade!
Nestas coisas sinto-me uma mulher do Sul pelo modo de pensar a calma do agir...
Mas penso que até para a CP há cidadãos de 1ª (os de Lisboa e arredores) e cidadãos de 2ª.
E tal como eles não me agrada ser tratada diariamente como utente de 2ª.

1 comentário:

Anónimo disse...

É lamentável que assim seja mas é a pura verdade e realidade. Já suei na fila para tirar o bilhete, já fui entrincheirado na semi-porta ao mesmo tempo que o exibia e já fui levado pela correria para ainda conseguir apanhar o comboio.
Recordei-me de uma travessia de uma fronteira, há alguns anos, de um país do Norte de África, apenas com uma grande diferença: lá, havia adrenalina, a surpresa do desconhecido, a vontade de repetir, aqui vai passar a existir possivelmente por tempo indeterminado, este pesadelo para quem entra ou sai da cidade que merece bem mais para oferecer ora aos visitantes ora aos que nela diariamente trabalham.
O Corvo.