25 de novembro de 2008

Como deixei?

Como deixei o tempo ser meu Senhor?!
como deixei que arrefecesse meu ventre
as mãos a minha pele
a Terra rodasse, fosse dia fosse noite
Lua e Sol não me encantassem?!

como deixei que o céu azul se abrisse
fosse Primavera! as cegonhas voassem
e eu não olhasse?!
como deixei barcos sem adeus no cais
e quem foi meu de mim partisse?!

que fez o tempo para que me entregasse?!
que me deu em troca do que lhe dei?
que veneno tolheu a minha mente?
que pensamento a profanou?

Que fique com este corpo o tempo!
Alma minha, nas velas dos barcos
nas folhas dos plátanos no remoinho
nas areias do deserto... será do vento

4 comentários:

Henrique Samagaio disse...

Existem por aí uns poetas e uns escritores, leia-se também poetizas e escritoras, que vivem da palavra escrita e vomitam cá para fora poesia e prosa às carradas.
Algumas são até acusadas de se repetirem nos inúmeros livros que fabricam.
Maria Lascas escreve conforme o seu estado de alma, por vezes com o coração, outras vezes com a indignação, muitas vezes com o amor e, por isso mesmo, revela-se através da escrita.
É possível saber como estava emocionalmente Maria Lascas quando escreveu este ou aquele poema, esta ou aquela prosa.
É isso que torna natural e rica a sua escrita.
Receba deste humilde tripeiro um grande muito obrigado.
Henrique Samagaio

marialascas disse...

Será que eu transpareço assim tanto no que escrevo?Olhe que nem sempre. Há quem diga que quem escreve o faz sempre sobre si, mas a mim parece-me já falei por outrém, algumas vezes, e até no masculino... Mas obrigada pelas palavras bonitas com que se refere à minha escrita.

Clara Margaça disse...

Fantástico!
Adorei..
Um beijo,
Clara Margaça

Manuel CasaBranca disse...

se não te importas , escolhi este teu poema para publicar este mês na Folha. Beijos e obrigado pela visita à 9ocre.