17 de setembro de 2009

Pitões das Júnias

Seu nome invulgar bastaria para nos suscitar o nome de conhecer este lugar do concelho de Montalegre. Mas a invulagridade do nome só faz juz à singularidade desta aldeia e ao espírito ainda comunitário das suas gentes.
A água limpa ainda corre a meio de Setembro de modo a fazer funcionar o moinho no centro da aldeia se preciso fosse e ao forno comunitário só falta encher de lenha e lançar o pavio. Leva 60 pães grandes e mas antigamente só se cozia de mês a mês, pois o direito de usar o forno rodava por todas as famílias e por isso inventaram sistema interessante de guardar o pão ao ar ( ver foto).
Bem perto fica um polo do Ecomuseu de Montalegre, espaço que anteriormente pertencia ao Boi da aldeia. Além da sua função de cobridor o Boi representava a honra, bom nome e valentia de Pitões das Júnias. Tinha um tratador privado, tinha pastos próprios e todos contribuiam para o seu sustento generosamente, porque todos queriam ter o melhor Boi das redondezas que se batesse de frente com os das outras aldeias e o vencesse. Assim se media o valor da aldeia e o valor daqueles que ali nasciam e viviam.
Hoje de vez enquando representam esta luta entre os Bois para a festa das gentes e para passar aos mais novos um pouco da história dos seus antepassados.
O Ecomuseu é ainda interessante pelo seu conjunto de fotografias e com as imagens reais cruzamo-nos a todo instante, tal como com as galinhas ou as cabras presas à corda!
Ali existem disponíveis dormidas e comidas... Já ouvi elogiar o cabrito do "Preto", mas não provei... 
Quero lá voltar no Inverno, "curtir" a neve, o fumo das chaminés e o calor das lareiras...

Encontrei em Pitões das Júnias um santuário religioso e natural enaltecido por Miguel Torga, palvras gravadas em pedra à porta da Junta de Freguesia. Foram as suas palavras, aliás, que me conduziram até lá, descalça de laje em laje. As lajes queimavam, mas à vinda muitas senhoras invejaram e enalteceram a minha facilidade em andar descalça por aqueles caminhos de cabras - saltos altos não são in para todos as ocasiões...   
Imperdível este lugar à beiro do ribeiro, rodeado de carvalhos centenários! Ribeiro que corre transparente ( apetecia-me beber a água) e em quantidade que surpreende. Como descobriram os monges este lugar para edificar o Mosteiro de Santa Maria. Entrar neste lugar, conhecer a cozinha para onde corria directamente a água, reconstruir os dormitórios mentalmente foi uma benção para a minha alma... Apeteceu-me ficar ali, acampar ali a céu aberto entre a robustez do granito e o canto da água...
Há lugares que nos fazem felizes, leves como uma pluma e este assim me fez.   

1 comentário:

Vitor Lopes disse...

Maria
Não foste ao Mosteiro de Santa Maria das Júnias???
Um local paradisiaco.