7 de março de 2009

2ª secção do Tribunal de Trabalho do Porto - destruída na madrugada de 6 de Março




Morrem-nos pessoas que gostamos que admiramos que nos fazem falta, morrem-nos animais tão fiéis como a nossa sombra, morrem-nos árvores, amoreiras encantadas sobreiros e pinheiros queimados, morrem-nos flores nos campos que depois renascem na Primavera, morre o último ramo de rosas... e os rios e os peixes.


Agora sei que nos pode morrer também o lugar onde trabalhávamos, assim de repente numa madrugada... e como isso dói, mesmo que não tenhamos perdido nem o vencimento nem o emprego.


Para alguns, trata-se de dor que não é dor, uma dor poética.


Mas também o amor" é fogo que arde sem se ver"...


Eu sinto-me com uma parte a menos e demonstrar a tristeza sentida não me envergonha.

3 comentários:

marialascas disse...

Vamos mudar para o edíficio mesmo ao lado. Onde funcionava uma secção passam a funcionar duas, onde trabalhava um Juiz passam a ser dois, tal como com os Magistrados do MP, como duplica o número de funicíonários, o número de diligências de utentes etc. Solução fácil para a Administração da Justiça! Nem foi preciso pensar! A solução estava ali à vista e surgiu de imediato... Nem se pôs, por exemplo, a hipótese de arrendar por ali algum espaço nas proximidades... Isso custava dinheiro! Agora enfiar um Juiz e uma Procuradora cada um em seu cubículo nas águas furtadas da dita casa de habitação juntar os processos do Ministério Público e quatro funcioários num espaço onde não se movimentam, isso não lhes custou nada!... Até porque temos uma palavra de honra de que em Setembro iremos para um lugar também completamente inadequado para um Tribunal de Trabalho.
Segunda feira vou medir o meu cubículo e ver se depois de ter uma cadeira e uma secretária consigo lá permanecer ou terei que perder peso. Fico num 4º piso sem elevador - os utentes com dificuldades motoras, nomeadamente os sinistrados vão subir pelas escadas de madeira antigas e mal iluminadas até ao 4º piso ou venho atendê-las e conciliá-las no passeio à porta do Tribunal?! Até porque conciliar - significa que são mais do que uma - também não o poderia fazer no cubículo por lá não cabem! E quando as pessoas reclamarem - com toda a razão - que esperam de pé pelas escadas, sinistrados, idosos ou doentes e sãos com os seus impostos em dia, vão fazêlo contra os tribunais e não contra o Ministério da Justiça ou contra o Governo, porque infelizmente desconhecem o funcionamento do sistema... Considero vergonhoso como são tratados pelo Pelo Poder Político os Tribunais de Trabalho em Portugal, nomeadamente no Porto, no que concerne às pessoas que neles trabalham - Magistrados Funcionários Advogados Sinistrados, Trabalhadores e até Entidades Empregadoras ( que em muitos casos são também pessoas honestas e dignas da maior consideração...). Não há salas de espera, não salas adequadas para juntas médicas, não há acesso para deficientes, não há elevadores, salas de audiência decrépitas etc...

mariabesuga disse...

Pode ser que não seja a justiça a encolher. Sendo as mesmas pessoas a fazê-la, não é expectável que assim aconteça. Ou não seria. Não fosse a falta de condições de trabalho para exercer uma profissão que ainda por cima exige não só espaço físico pelo espaço físico mas para que nele caiba a capacidade para trabalhar. Há capacidade mas passa a cohabitar com nulas condições para ser exercida. Perdem os fazedores desse trabalho. Perdem aqueles a quem esse trabalho se destina. Ganha quem, sem a mínima noção, decide assim uma solução e vira a página.
Indo atrás da tua ironia, talvez além de teres de perder peso tenhas também que cortar as unhas com mais regularidade.
Mas não é para rir!... Se bem que já estejamos habituados a este tipo de decisões despreocupadas, continuamos a sentir perplexidade perante tal desplante.
... e eu não estou aí no terreno para passar a partir de agora a viver em função de mais uma situação perturbadora e limitadora e inibidora que dificulta a prática de uma actividade tão exigente. A tua.

(de nada serve a minha solidariedade mas afirmo-a na mesma)
Um beijo para ti
Belmira

Ezul disse...

Não me apetece a tristeza, hoje.
Nem quero fechar-me à tristeza, a dos outros, como quem apaga dos dias a necessidade de construir veredas de sol.
Então, que as cinzas se espalhem e que se construam novas, felizes realidades!
Bjos
:)