19 de junho de 2010

José Saramago

Comecei o meu dia 18 de Junho de 2010 um pouco mais cedo do que normalmente, com a meia de leite habitual e uma revista desactualizada onde, em entrevista, o filosófo e astrólogo José Prudêncio, mais uma vez a reafirmava que no mapa astral de Pilar e no de José Saramago encontrara as coincidências que lhe tinham permitido concluir tratar-se de almas gémeas...
Sempre me fustigou a imaginação esta coisa das almas gémeas.
Segundo uma Senhora também conceituada nestas coisas, a minha alma gémea não está neste mundo terreno, mas apenas na dimensão espiritual... ou seja já não necessita de andar a penar em reencarnações...

Interessante que horas mais tarde, deambulando quase alma penada pelo passado, lá estava eu na conversa das almas gémeas, afirmando com alguma convicção que não acreditava em vidas passadas e reencarnações... E lembrei-me quanto felizes devem ser as pessoas que encontram as almas gémeas, mesmo que tal coisa não exista.

Em casa soube pela minha filha, que fazia dezoito anos, que José Saramago morrera.
Desde criança que lhe oferecia oportunidades de leitura que ela recusava, começou a ler com Saramago: Ensaio sobre a Cegueira, Caim, As Intermitências da Morte... Aliás, só gosta de Saramago.
Contei-lhe como se inspirara na vida das pessoas da minha freguesia - Lavre - para escrever um livro ( Levantado do Chão) e que fizera o prefácio do livro duma Poetisa que ela conhece.
Este ano disse-me que o queria conhecer pessoalmente porque ele estava velho e ia morrer. Não vinha à Feira do Livro e tinha-lhe dito que iríamos esperar porque talvez viesse à Festa do Avante...

Hoje no dia em que ela fez 18 anos e no dia em que morreu Saramago, percebi claramente que o Saramago de Pilar, o Saramago da minha filha e o meu são muito diferentes...
Será que um mesmo corpo carrega  almas diversas?
Estranha interrogação à propósito de um homem que se gostava de se afirmar ateu.
Ou isto da alma nada tem a ver com religião e é uma coisa que até pode ser atribuída a um bicho?!

Nada disto fará muito sentido, nem espero que faça.
Fica apenas a imperfeição ( também a minha, de algo que podia ter feito e não fiz) que é um sentimento que tenho sempre perante a morte. E se há almas gémeas mais imperfeita será a morte...
Não me apetecem os elogios que se tecem quando as pessoas morrem.
E de certo alguns de circunstância se ouvirão...

5 comentários:

YellowMcGregor disse...

"Não me apetecem os elogios que se tecem quando as pessoas morrem".
... talvez na imperfeição mas as palavras mais perfeitas que li a proposito do triste acontecimento.
Com um ramo de :-)
João Árctico

Ezul disse...

Sim, agora, antes se calem! E ainda bem que se notou a ausência dos pequenos homens! Esses não precisavam estar presentes!
:(

maria sousa disse...

Pois é, o Alentejo perdeu uma flor.
Fiquei tão triste que nenhum elogio me consolou. Gostaria de lhe ter levado uma papoila.

Alexandre Júlio disse...

Ói Borboleta do Portaleiro,

Os 18 aninhos da tua filhota, foram abençoados pela homenagem que todo o Mundo prestou ao génio da literatura portuguesa, á vida intensa e dedicada a causas genuínas, deste grande homem da Azinhaga Ribatejana:
José Saramago.
Parabéns há tua filhota.
As abelhitas têm algo para te mostrar!!!!!!!!!!!!!!!
Bjs e abraços,

Alex.

Anónimo disse...

Saramago foi um grande escritor, um prémio nobel da literatura de que os portugueses muito se orgulham.
Só tenho pena que ele mais cedo não desse a conhecer ao mundo as origens do seu grande romace "LEVANTADO DO CHÃO"foi quase na sua partida ( e vá saber-se porquê) que quiz fazer justiça aquele lavrense seu camarada que resolveu dar a conhecer as verdadeiras origens do seu romance.
João Domingos Serra foi coautor daquele livro, e depois foi esquecido pelo escritor até quase á hora da sua morte PORQUÊ?