29 de julho de 2009

Luis Filipe Maçarico - o POETA

Era Lua Cheia a nascente, grande grande grávida materna, uma laranja doce do Sul.
Eu era ainda metade criança, curiosa de tocar com as mãos os lugares os amigos o respirar dos Poetas.
Vinda do Sul entrara pela sombra fresca dos plátanos...
O abraço fraterno do gigante tornara-me ainda mais pequena. E no meu deslumbre parecia que um carinhoso ascendente me acolhera... E o ascendente fraterno guiou-me pelos recantos de Alpedrinha, pelas fontes mágicas, pelos olhos da Clarinha, pelo quarto e pelo retrato de Eugénio, pelos amigos que eram todos, pela serra... E tudo via pelos olhos mágicos dele, como no viagem ao Olimpo onde tudo é perfeito e infinito.
Quando no pátio apontou a Lua cheia, saí de entre os outros e fui olhá-la ao seu lado.
Já não era a criança chegada a Alpedrinha, naquele momento comungava o olhar dos Poetas... Não me recordo duma Lua Cheia como aquela, a de Agosto de 2001.
À noite quando me banhei entre os Poetas no Fontenário, teceram-se laços que pareciam indestrutíveis.
Quando acordamos depois duma noite mágina, temos dificuldade em ver os Poetas vestidos de pessoas reais, comuns, humanas... e algumasdas teias da eternidade vão-se desenlaçando pouco a pouco. Algumas desenlaçam-se tão bruscamente e outras de modo tão violento, que nos abanam e vemos então que também somos reais, comuns, humanos... é aí que nasce a dor dos Poetas.
Depois de ver que alguns dos laços entre os humanos que partilharam o banho mágico a quebrarem-se, percebi que enquanto Poetas os laços se mantinham... Os laços de Magia de que o Luís tinha sido o Feiticeiro .
Muito podia dizer sobre o Poeta, o Cidadão, o Antropólogo, o Homem... ( Ver www.aguasdosul.blogspot.com), hoje quis apenas lembrar o momento em pessoalmente o conheci.

3 comentários:

Ezul disse...

Texto muito, muito bonito!
E a propósito do lado humano dos Poetas (ou de qualquer pessoa), recupero a alusão à tal canção do Rui Veloso...

mariabesuga disse...

Eu sou de Alpedrinha também pela mão e pelo coração do Luís como sabes. Aprendi ali, pelos olhos dele, a sentir-me em casa no "colo" da Clarinha.

Deixo-te este poeminha feito lá, a nós Poetas de Alpedrinha:

Chafariz D. João V

"Água benta dos sentidos"

É pecado deitar a perder
os sentidos daqui
Molhámos os pés
na fonte gelada
e no aconchego do coração
guardámos calor
O calor
O amor
do tempo comum...

Obrigada pelo texto ao Luís!!!...
Valeu a pena ter-to dado a conhecer.

oasis dossonhos disse...

Estava noutro paraíso (Odeceixe) quando li este post e fiquei com uma vontade grande de correr até Vagos ou Lavre (terras com v de veemência)para te dar um abraço, escutar os Jamuna de novo, rir com a Inês e falar com o Luís Grande.
Amiga
Espero que as tuas férias sejam muito boas, tão boas como as mágicas sensações que descreves.
Obrigado por tudo.
Beijinhos
Lís