2 de novembro de 2009

Os animais não exprimem dor

Em 2007 repentinamente o mais dócil dos Dálmatas tornou-se num lobo enraivecido. Passados menos de 30 dias decidi a sua morte, fora-lhe diagnosticado um tumor no cérebro sem indicação cirurgica. Tem muitas dores, foi a frase que me convenceu de que só o meu egoismo o podia manter vivo por mais alguns dias. Chamava-se Tariq.
Em 2009 a Lua, a felina da minha filha, com dores e também por eutanásia termina os seus dias ~ com o diagnóstico de"sida dos felinos" já em fase terminal que nem sabíanmos que existia...

Recebi este email do Hospital Veterinário do Porto que transcrevo sobre a dor dos animais e os sinais a que devemos estar atentos. Talvez possa ajudar algum dono a antecipar a sua percepção da doença e a minorar o sofrimento do seu animal.
Porque a dor eles sentem como nós.

(Este é o Sol, o meu felino - parece vender saúde, mas será que algum dos seus comportamentos exprime dor?)

Transcrição do texto do HVPORTO:
"

Os animais agem de acordo com o instinto, o que lhes garantiu a sobrevivência até hoje.

Exemplo disso é o facto de os animais manterem secreta qualquer dor ou sinal de doença exterior, para não atrair predadores oportunistas.
Se na Natureza isso lhes pode trazer mais um dia de vida, em casa e tendo disponível cuidados veterinários, os animais têm uma maior hipótese de sobrevivência se os sintomas forem descobertos atempadamente num estado inicial.
Infelizmente não é possível pedir ao nosso animal que aja contra o seu instinto e revele as suas dores.
Do animal, apenas podemos esperar que esconda qualquer dor até ao limite das suas capacidades.
Cabe ao dono ser observador e saber o que analisar, para detectar atempadamente os problemas secretos do seu animal.
Observação
A melhor forma de descobrir aquilo que o seu animal lhe anda a tentar esconder é observar o seu comportamento.
Tudo aquilo que saia da norma deve ser razão para o colocar sob observação e levá-lo ao veterinário, se se justificar.

A dor influencia o apetite do seu animal.
Pese o seu animal regularmente e se notar perdas drásticas de peso leve-o ao veterinário.
Problemas nos dentes, fazem com que o seu animal não consiga mastigar.
Problemas nas articulações fazem com que o animal tenha dificuldade em comer em taças colocadas ao nível do chão.
Outros problemas, tais como infecções, podem causar letargia e falta de apetite.
Locomoção
Todas as doenças articulares provocam dor mas o animal não as vai revelar, excepto em casos extremos.
Observe se o seu animal coxeia, se corre normalmente ou se ele se recusa a fazer exercício ou brincar.
Urinar em casa
Um animal perfeitamente habituado a fazer as necessidades fora de casa ou no seu wc, não urina em casa excepto se tiver um motivo que o justifique.
Caso não tenha havido mudança na rotina do animal, a eliminação imprópria pode significar problemas renais, por exemplo.
Antes de castigar o animal leve-o a um check-up no veterinário.
Agressividade
A agressividade num cão é desencadeada por uma educação deficitária, mas também por problemas de saúde.
A forma de um animal expressar a sua dor poder ser recorrendo a rosnadelas ou, no caso dos gatos, a bufar.
Se o animal evita que lhe toque e recusa carícias leve-o ao veterinário, se não conseguir pegar nele opte por um veterinário que faça serviço ao domicílio.
Fezes
Pode não ser um trabalho agradável, mas é importante verificar as fezes do seu animal.
As fezes podem ser pequenas e consistentes, o que indica que o animal está a aproveitar o máximo da ração.
Fezes moles e descoloridas podem indicar problemas gastrointestinais.
A diarreia está associada aos mais variados problemas que só a análise do veterinário pode identificar.
Check-up
A importância dos check-ups veterinários é assim comprovada pela impossibilidade do animal comunicar dor.
Os check-ups veterinários são geralmente anuais ou semestrais no caso de animais idosos.
Contudo, um ano é ainda um intervalo longo de tempo, o que justifica que o dono se mantenha atento aos sinais de problemas.
Para isso, deve ser capaz de fazer verificações regulares nos seus animais.
O check-up doméstico deve ser feito todas as semanas e não substitui o check-up feito por um profissional.
O que observar?
Olhos
Os olhos dos animais devem ser brilhantes e sem corrimento.
Algumas raças apresentam algum corrimento o que é normal desde que este seja líquido e claro.
O corrimento não deve ser espesso ou amarelado/esverdeado.
Vermelhidão e pálpebras encerradas não são normais.
Ouvidos
Os ouvidos devem estar limpos.
Pode aproveitar o check-up para fazer a limpeza.
Os ouvidos não devem ter feridas, excesso de cera ou zonas mais vermelhas.
Boca
Nem todos os animais se mostram confortáveis com inspecções à boca, por isso deve habituá-lo desde pequeno a este exercício.
As gengivas devem ser rosa e húmidas.
Os dentes devem ser brancos e brilhantes.
Tártaro, zonas inflamadas, hemorragias e feridas nas gengivas ou língua são problemas que devem ser colocados ao veterinário.
Membros
As extremidades são zonas sensíveis, devido às almofadas, e estão expostas a perigos quando o animal sai à rua.
Os membros devem ser verificados individualmente.
Feridas, cortes ou objectos espetados devem ser tratados pelo veterinário.
A zona entre os dedos não deve ter sujidade.
As unhas não devem estar demasiadamente compridas, pois curvam e perfuram a pele.
Leve o seu animal a cortar as unhas regularmente ou se souber como, corte-as em casa.
Pêlo e Pele
O pêlo deve ser macio, caso o animal tenha pêlo liso.
A pelagem deve ser brilhante, sem zonas baças, sem peladas.
A pele deve apresentar uma coloração uniforme sem pontos vermelhos.
Má nutrição e alergias estão por detrás de muitos problemas no pêlo/pele.
Corpo
O animal não deve ser nem gordo, nem magro.
Coloque as mãos sobre a zona das costelas.
As costelas devem poder ser sentidas esfregando levemente, mas não devem poder ser vistas.
Os membros devem ser musculosas.
Percorra o corpo com as mãos à procura de altos ou feridas.
Deve incluir a cauda na avaliação.
Percorra a cauda e observe a reacção do animal.
Este não deve mostrar dor.
Levante a cauda e examine a zona genital.
Esta deve estar limpa.
O check-up não depende apenas daquilo que vê.
Qualquer mau odor, sobretudo da boca e orelhas, pode indicar problemas de saúde.
Em caso de dúvida, relativamente a um ou outro sinal contacte o veterinário e coloque-lhe as questões.
Se for necessária uma visita ao médico, o veterinário pode dar-lhe essa indicação.
Importante:
Os animais podem sofrer de stress, diabetes, problemas cardíacos e uma série de doenças que poderão ser diagnosticadas com precisão e, prevenidas ou tratadas de uma forma adequada se forem identificadas atempadamente.
Website: www.hvp.pt
E-mail: info@hvp.pt

Tlf: 228 348 170

Travessa Silva Porto 174

4250-475 Porto







3 comentários:

Ezul disse...

E se o animal sair e não regressar... sabe-se lá em que caminhos se perdeu, ou que crueldade os humanos lhe reservaram.
Percebo a intenção da divulgação desta lista mas, infelizmente, fui construindo outra com todas as situações que vi. Mas, como alguém disse, hoje não quero pensar nisso.

Acabei de saber que Claude Lévi-Strauss morreu. Com 100 anos. A introdução dos "Tristes Trópicos" foi um dos textos mais belos que li. Também acabei de saber que um terço das plantas e dos animais estão em vias de extinção. Mostraram as borboletas!...
"Daqui a uns anos, os viajantes chorarão por aquilo que não poderão ver..."
Não era bem assim, mas era este o sentido da frase de Lévi-Strauss que guardei.
>¨< :)

oasis dossonhos disse...

Lamento mais uma perda, mas sei que estes animais foram sempre felizes ao vosso lado, pois sois seres humanos muito bonitos, com um coração grande e gestos de muito carinho para os amigos - e também para os bichos que vos adoptaram...

Lembro-me sempre que a minha avó costumava dizer (crenças antigas) que era bom termos animais, pois as maleitas apanhadas por eles - eram uma espécie de couraça,que nos protegia de sofrimentos. Bizarra crença...

Quero deixar neste comentário muito carinho e solidariedade, lamentando a partida de mais um amigo.

Espero que num futuro próximo outro felino surja, traquinas e meigo, para iluminar os vossos dias e aconchegar os pés nas noites frias.

Beijinhos

Luís

mariabesuga disse...

Muito útil esta informação.

Nós temos um cãozinho rafeiro muito velhinho (16 anos) e que ultimamente tem tido alguns problemas a vários níveis. Sempre de andança para o veterinário, portanto.
Esta informação abriu-me espaço para pensar as coisas de outra forma, para pôr outras questões.

Nem todas as pessoas tratam os seus bichos com a atenção que eles merecem. Já não falo de carinho pois há quem não consiga sentir os animais como necessitados ou merecedores de afectos.

O cão de que falo já era companheiro do António há muitos anos. Mas temos um gato e uma gata que eram de outras pessoas e por viverem tão mal os recolhemos. Aliás, o gato que era gato vadio achegou-se ele próprio e assumiu-nos como os seus donos. Agora estão bem tratados e vivem felizes aqui.

Lamento a perda da Lua da Inês. Outra bichana acontecerá na vida dela para ser mimada como seguramente a Lua foi.

Um beijo