5 de setembro de 2011

Mulher Proibida

Ele conhece da mulher proibida a alma de cristal

a boca o desenho dos lábios
nos cabelos as ondas os sonhos os dramas
a tocha da fogueira que seu corpo conduz
e recusa-a ignora-a
não como o marinheiro que nega a sereia
e em seu sonho pueril acalenta e deseja
da sua forma dirá ser pedra fria de mármore
e talvez lhe invente carácter venenoso e ignóbil
de forma a controlar seus impulsos enquanto dorme
e não é o mandamento da cobiça que o impede!
deixa que seu olhar noutras o desejo incendeie
nem é incesto ou crime ou honra…
apenas seu mundo rodando no eixo que em si fez

… qual velho naufrago em porto seguro
olha agora o mar pela vidraça: só tempestade vê
soletra poemas de amor por mera saudade
não constrói barco novo, fica do passado refém
- nunca foi seguro o porto se não se avista mais além
e cego é o olhar daquele que seu cristal não vê
tonto ou fraco quem nega seu próprio ser
proibida chama à que não pertence a ninguém

(inédito, rascunho, ou seja susceptível de ser alterado por mim)
2011

3 comentários:

oasis dossonhos disse...

Maria, querida Amiga:

Retiraria o "à" da frase final, acho que está a mais, se me é permitido opinar. De resto, muito intenso, envolvente, bem forte e conseguido. Parabéns por este voo sem amarras, falando de barcos e seres ancorados. Que precisam de muito mar, de sonho, como de alimento precisam as aves para terem asas que abracem o Mundo.

Bjs

Luís

marialascas disse...

Agradeço a sugestão de retirar o assento pois eu própria tenho dúvidas, mas como eu digo é ainda um rascunho. Vou pensar melhor sobre o assunto.......Bjs

João LN disse...

Renegando... sózinho viverá, sózinho morrerá.
Triste aquele que abjura o presente, não esquece o passado e o futuro não terá.
Será mera cobardia?

Muito bom. :-)