31 de outubro de 2011

O Cálice

Seu coração estilhaçado a razão do cérebro comanda
ainda que seja um buraco desarmado é vigilante
e defende até à morte a trincheira conquistada

no azul lunar do céu, longínqua dança das ondas
quase adormecerá… e ninguém o engana tanto!
logo os neurónios realinham:
amordaça o desejo do abstracto tece nova cortina
enxuga o corpo frio suado e corta a língua seca… 
haverá dia novo, a máscara tem-na colada ao rosto
jogos de palavras e teatro são o seu ofício


desgraçada daquela que lhe vê o rosto, leia os olhos
conheça brechas na trincheira - instante e partida
jamais servirá dois cálices à lareira 
se a campainha toca atenta a chuva na janela
duas, três vezes... é ilusão do vinho forte!
do cansaço do vento, quiça da idade...  


a desprezada no marmóreo corpo agoniza sem sangue
do vinho que ele no cálice solitário derrama gritando
a urgência do amor na vida, temendo-o mais que a morte…


inédito, 2011
( rascunho)

1 comentário:

YellowMcGregor disse...

Mais um cálice para afastar?...
Nele há sangue, haverá dor, há vinho, inebriante, amor, calor.

Com um ramo de :-)